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6 Janeiro 2015

Águeda e a tecnologia

by 21

Águeda é ainda uma cidade de pequena dimensão, e temos vindo a constatar que há medida que as cidades crescem, aumentam também os seus problemas. Platão falando acerca do crescimento das cidades, dizia já naquela época “Até ao ponto em que, aumentada, ela conserve a sua unidade, a cidade poderá se estender, mas não além desse ponto”. O crescimento das grandes cidades não favorece o humanismo e arrasta consigo necessariamente desarmonia no seio, gerando mal-estar e insegurança.

A poluição do ar encerra ainda perigos consideráveis para a vida em geral e para a espécie humana em particular. A indústria, o aquecimento e os transportes, participam numa degradação da sua qualidade e poluem a atmosfera, fonte de riscos para a saúde pública. As zonas urbanas são as mais atingidas por este fenómeno, que ameaça ampliar-se na medida da urbanização. Nessa linha de pensamento, a hipertrofia das cidades constitui um perigo não negligenciável para o equilíbrio das sociedades.

Quanto à tecnologia, constatamos que esta também está em plena mutação. Os homens sempre procuraram fabricar ferramentas e máquinas para melhorar as suas condições de vida e para serem mais eficazes no seu trabalho. No seu aspecto mais positivo, esse desejo tinha originalmente três objetivos principais: permitir-lhes realizar coisas que não podiam fazer usando somente suas mãos; poupá-los do sofrimento e da fadiga; ganhar tempo. É preciso notar também que, durante séculos, para não dizer milénios, a tecnologia só foi empregada para ajudar ao Ser Humano em trabalhos manuais e atividades físicas, ao passo que nos nossos dias ela assiste-o também no plano intelectual. Por outro lado, por muito tempo a tecnologia limitou-se a procedimentos mecânicos que requeriam a intervenção direta do Ser Humano e não ameaçavam ou pouco ameaçavam o ambiente.

Mas o mundo mudou. Actualmente  a tecnologia fez-se onipresente e constitui o coração das sociedades modernas, a ponto de que se tornou quase indispensável. As suas aplicações são múltiplas e passou a integrar procedimentos tanto mecânicos quanto elétricos, eletrónicos, de informática, etc.

Infelizmente, toda a medalha tem seu verso e as máquinas tornaram-se um perigo para o próprio Ser Humano. Com efeito, embora elas fossem idealmente destinadas a ajudá-lo e a poupá-lo do sofrimento, chegaram ao ponto de substituí-lo. Por outro lado, não se pode negar que o desenvolvimento progressivo da maquinaria provocou certa desumanização da sociedade, no sentido de que reduziu consideravelmente os contatos humanos, entendendo-se aqui os contatos físicos e diretos. A isso acrescentam-se todas as formas de poluição que a industrialização gerou em muitos campos.

O problema colocado atualmente pela tecnologia provém do fato de que ela evoluiu muito mais rápido do que a consciência humana. Consideramos também que é urgente que ela rompa com o modernismo atual e se torne um agente de humanismo. Para isso é imperativo recolocar o Ser Humano no centro da vida social, o que implica recolocar a máquina ao seu serviço. Essa perspectiva requer total reconsideração dos valores materialistas que condicionam a sociedade actual. Isso supõe, por conseguinte, que todos os homens voltem a centrar-se em si mesmos e enfim compreendam que é preciso privilegiar a qualidade de vida e cessar essa corrida desenfreada contra o tempo. Ora isso só será possível se os Homens reaprenderem a viver em harmonia, não somente com a Natureza, mas também com eles próprios. Em Agueda estamos a fazer uma Smart City em que tentamos que a tecnologia evolua de tal maneira que liberte o Ser Humano das tarefas mais penosas e ao mesmo tempo lhe permita evoluir harmoniosamente em contacto uns com os outros.

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