13 Novembro 2014
FI-WARE: mas afinal o que é?
by 25
Para quem acompanha de perto o mundo das tecnologias de comunicação e de informação e eletrónica, não é estranho o conceito de Internet do Futuro (ou Internet das Coisas). Longe vão os tempos onde a Internet era um mito, aceder por telemóvel a informação ou partilhar conteúdos numa rede social era privilégio de uns poucos, onde passávamos o tempo num mundo desconetado e não erámos quase escravos dos dispositivos. Fala-se de “cloud” hoje como se fosse uma revolução e não um retorno a um estágio antigo mas a verdade é que a banalização dos serviços, dos equipamentos, da capacidade de armazenamento e de processamento de dados e informação possibilita-nos saber mais e tomar melhores decisões.
Como em tudo o que o rodeia as TIC(E), as empresas arrancam cedo e por muitos caminhos, desenvolvem standards e protocolos e quando nos apercebemos já existem inúmeras correntes se não concorrentes que concorrem por espaços similares ou conexos.
Há já algum tempo que a Comissão Europeia percebeu os desafios e oportunidades de um mundo onde todos vivemos ligados numa enorme rede onde populam os mais diversos sensores, atuadores, consumidores e produtores de informação. Estruturalmente conseguiu envolver um conjunto amplo de atores – empresas multinacionais do setor, operadores, municípios, … - e começou a definir uma arquitetura aberta de um sistema aberto, público e sem royalties que permitisse a todos integrar um ecossistema e garantir que a maior parte do esforço fosse direcionada para criar novas aplicações, para alargar o uso das TIC(E) à defesa do ambiente, à promoção da saúde, a melhorar as cadeias de valor das indústrias, aos transportes (entre outros) em lugar de reinventar um conjunto de peças de software que são sempre necessárias e que consomem muito tempo (e sem grande diferenciação). Estão entre elas o armazenamento e processamento dos dados (big data), a gestão do contexto, a comunicação e integração com as “coisas” no terreno, a publicação e disponibilização de serviços (aplicacionais ou de dados), a segurança, a gestão de configurações e de versões, a interoperabilidade (entre outras). Este esforço de múltiplas entidades definiu as regras para que o “Lego” fosse fácil de montar e para que qualquer empresa ou pessoa pudesse criar as suas próprias aplicações esquecendo detalhes que seriam barreira à entrada (porque consumidores de esforço e de tempo) à entrada no funcionamento.
Hoje, além de uma arquitetura de referência, o FI-WARE conta com vários pilotos implementados e começa a ser adotado por operadores e cidades, permitindo que a criatividade de todos os que queiram possa rapidamente ser transformada numa inovação que o mercado possa usar. Cabe a todos promover a adoção de um standard para que se torne incontornável.
Para que isso aconteça, a Comissão Europeia financiou recentemente 16 projetos aceleradores que lançaram e vão lançar concursos para atribuição de financiamento e para o mentorado de pequenas empresas que queiram lançar novos produtos baseados nesta arquitetura. Sem querer esquecer nenhuma, tenho naturalmente de realçar o projeto SOUL-FI, cuja implementação é gerida pelo IPN (Instituto Pedro Nunes), onde uma das áreas de referência é a das Smart Cities.